Notícias

Produtor de soja tem uma nova inimiga na região

Quinta-Feira, 26.12.2013 às 11h-Redação Olinda- Foto Ivana Ritt
23 DEZEMBRO- CINEI SETREM

 

Helicoverpa armigera, nova espécie de lagarta já localizada no RS

 

               

As pragas de modo geral são consideradas um dos principais limitantes à exploração econômica agrícola. Mas o que é um inseto-praga? Como fazer o seu monitoramento e controle? O aparecimento da Helicoverpa armigera é motivo de preocupação? A doutora Cinei T. Riffel, engenheira agrônoma e professora do curso de Agronomia da Sociedade Educacional Três de Maio (SETREM), tira as dúvidas sobre este assunto nesta entrevista concedida ao Jornal Folha Cidade com a colaboração da Assessoria de Comunicação da Faculdade tresmaiense.

 

O que é um inseto-praga?

"É uma espécie de inseto que em curto espaço de tempo e em condições ambientais favoráveis é capaz de se multiplicar rapidamente e atingir um nível populacional que causa dano econômico às culturas. A grande maioria das culturas de importância econômica, apresentam um determinado inseto-praga que é de maior potencial de dano e que de certa forma sempre estará presente no cultivo, chamamos isso de pragas-chave da cultura".

 

O que deve ser feito quando ele é encontrado?

"É fundamental que tenhamos o conhecimento das pragas-chave da cultura que estamos trabalhando e quando e em que momento essas aparecem e quando efetivamente temos que nos preocupar com seu controle. Assim é necessário adotarmos critérios. Esses critérios são os indicativos que realmente a presença deste inseto estará levando a cultura a produzir menos. Os indicativos são a densidade populacional – chamado nível de controle, o dano já visível - nível de desfolha, plantas atacadas ou mesmo produtos da muda dos insetos, excrementos etc.. Estes indicativos nos levam ao monitoramento que é a atividade-chave para todo o controle".

 

Como é feito o monitoramento?

"O monitoramento através de amostragens periódicas é uma das atividades fundamentais do Manejo Integrado de Pragas (MIP) que nos permite saber qual o problema (a espécie, a densidade populacional, a desfolha, etc..) e nos auxilia na tomada de decisão bem como a adoção do melhor sistema de redução populacional. Além das vantagens já acima citadas, o monitoramento ainda permite reconhecer os inimigos naturais, acompanhar a flutuação populacional, acompanhar a fenologia da cultura, verificar os efeitos do clima e acompanhar e verificar os efeitos do método de redução populacional empregado. Uma imprescindível ferramenta no monitoramento são as armadilhas que fazem a atração dos insetos. As armadilhas podem ser de feromônios sexuais ou ainda de alimentação, como é o caso da armadilha para moscas em que se utiliza suco de frutas. As armadilhas com feromônios sexuais são as mais difundidas para os adultos, principalmente de mariposas (lepdópteros)".

 

De que forma a SETREM tem realizado este trabalho?

"A SETREM vem monitorando diversas pragas na área experimental, pomar e na Escola Fazenda. As pragas monitoradas são na cultura do milho (lagarta-do-cartucho), no pessegueiro (mariposa oriental – grafolita, mosca das frutas), no tomateiro (tuta) e na soja (mariposa - adulto - de Helicoverpa armigera), esta com cinco armadilhas instaladas na Escola Fazenda e uma armadilha na área experimental. Tem-se dado ênfase à Helicoverpa armigera por se tratar de uma nova espécie e pela falta de um entendimento e conhecimento sobre a espécie no que diz respeito a hábito, danos, manejo e um possível controle por parte de especialistas, equipes técnicas, etc.. Os dados coletados desta espécie são enviados ao Ministério da Agricultura através da SEAPA (SFA/MAPA – RS) que está formando um banco de dados consolidado com as informações dos diferentes levantamentos de Helicoverpa armigera realizados no Rio Grande do Sul, em que a SETREM atua como parceira no Grupo de Trabalho formado por diversas instituições do Estado".

 

Esta praga já foi confirmada no Estado?

"No Rio Grande do Sul houve a confirmação da ocorrência desta praga. No entanto, não há informações sobre os parâmetros acima citados. Especialistas foram unânimes em afirmar que não há motivos para pânico, já que a lagarta identificada é da safra passada e, na atual, que está apenas começando, ainda não há relatos de perdas significativas ou ataques severos. Ainda de acordo com os especialistas, estes entendem que estamos frente a uma nova realidade, mas longe de criarmos pânico em relação a esta lagarta. Embora já se tenha ouvido relatos de danos, perdas e potenciais prejuízos e uso de inseticidas para controle dessa lagarta, o que não se verificou foi a ocorrência da praga".

Como deve ser feito o seu controle?

"A orientação é amostrar, monitorar, não adotar controle preventivo (quando não há lagartas), iniciar o controle quando houver lagartas pequenas e optar por produtos seletivos, evitar misturas e produtos de amplo espectro de ação. Para maiores informações, consulte sempre um engenheiro agrônomo".


VOLTAR IR AO TOPO