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Missa em memória ao menino Bernardo transforma-se em ato silencioso de indignação

Segunda-Feira, 21.04.2014 às 12h45 Redação Olinda- Fonte Jornal Meio Dia- Olinda FM- redação Paulo R Staziaki
17 DE ABRIL- FOTO POPULAÇÃO FRENTE CASA GAROTO

 

Uma caminhada e uma missa foram realizadas na noite de domingo(20) em Três Passos, pela memória do menino Bernardo Uglioni Boldrini, de 11 anos, assassinado com requintes de crueldade pela madrasta, a enfermeira Graciele Boldrini 32 anos e uma assistente social, amiga dela, Edelvania Wirganovicz 37 anos.  

 

O pai, o médico Leandro Boldrini, 40 anos e as duas mulheres estão presos. O envolvimento do pai ainda está sendo investigado. O clima de revolta mais uma vez tomou conta da cidade, depois da divulgação de informações que o menino pode ter sido enterrado vivo.

 

A mãe assassina teria espalhado soda cáustica em cima do corpo do garoto, segundo a sua cúmplice,  para diluir rapidamente e evitar cheiro forte. Edelvânia receberia da amiga e madrasta do garoto R$ 90 mil para ajudar dar o sumiço dele, dinheiro que seria usado para quitar o apartamento que ela mora em Frederico Wesphalen. 

 

Mais de 1.200 pessoas participaram do ato religioso de domingo. O padre Rudinei, jovem sacerdote de trabalho destacado junto aos adolescentes e jovens da paróquia Santa Inês, disse em sua homília, que ‘monstros existem e precisam ser combatidos’, referindo-se aos responsáveis pelo assassinato do garoto, que era coroinha na igreja do celebrante e se preparava para receber a crisma.

 

A missa tornou-se um ato silencioso de indignação com o crime que choca o Brasil. O padre ainda disse: Onde é que aprendemos a ser tão cruéis? Todos não sabemos por que aconteceu aqui. Eles o mataram pregado na ausência do afeto. A busca por justiça é humana — afirmou o religioso. — A família chora a perda de um de seus filhos. Por quê? Como é possível? Que mundo é esse que vivemos? Praticar o mal é sempre uma decisão humana — disse o padre.

 

Bernardo já tem o rosto estampado em camisetas, usadas por crianças que nem ele. Abraçadas e cabisbaixas, as famílias de Três Passos começam a reconstruir seus cotidianos sem a presença do menino querido por todos e que, até um mês atrás, estava vestido com os trajes religiosos no altar da Igreja da Matriz, a mesma que agora busca forças para superar sua ausência.

 

No final da missa, centenas de pessoas saíram em caminhada em direção à casa de Bernardo, localizada no bairro Santa Inês, e levaram velas. Acompanhados pela Brigada Militar, eles cantaram em frente à residência, tomada por cartazes de lembrança ao garoto e ofensas ao pai, à madrasta e à assistente social suspeitas de cometer o crime.

 

Na escola onde o garoto estudava, as aulas serão retomadas nesta terça-feira e a direção contratou a psicóloga que atuou no atendimento aos sobreviventes da tragédia da boate Kiss, em Santa Maria.

 

No primeiro encontro, na manhã desta segunda-feira (21), a profissional Fabiane Angelo foi ao local para conversar com professores e com direção da instituição. O objetivo é fazer um trabalho de acompanhamento e preparar os funcionários para ajudar os alunos no retorno às aulas.


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